24 fevereiro 2009

Simulacro

.Simulacro
.
.
.
.
Lá do alto da tua aparência
nada poderia suspeitar
que a duvida seria tão corrosiva
atacando a tua essência
.
Ao ponto de não conseguires sorrir
o automatismo facial encravou
no preciso momento que simulavas felicidade
e tudo dentro de ti não podia ser mais triste
.
Sem lágrimas ou lamentos despropositados
só a verdade que farta de maneirismos
decide despir-se diante dos teus olhos
dizendo tão nua quanto crua o que és
.
.
.
.
.Borealis in Aurora

23 fevereiro 2009

O rio da vida

.O rio da vida
.
.
.
.
.
Já passaram as águas
e o rio está mais uma vez vazio
ermo de corrente e remoínhos
como se nada houvesse sido
.
As pedras falam em surdina
uma conversa de outros tempos
onde a agua embalava os leitos
e tudo era então um só caminho
.
O vento percorre a devastação
segue redondo entre as pedras
procurando o que só agora deu conta de perder
a vida , a vida , a vida
.
E sem que me veja em plena razão
sinto o vazio do rio no meu peito
pergunto-me por onde terei eu ido
para perder tanto em tão pouco caminho
.
.
.
.
.Borealis in Aurora

21 fevereiro 2009

Alcançar

.Alcançar
.
.
.
.
Ainda que a tormenta pareça interminável
os dias do teu sorriso primaveril virão
esperam impacientemente que voltes a ser tu
que percas esse jeito de pessoa crescida
.
Aguardam para lá da vidraça da tua janela
enquanto te deixas embrenhar nas teias da vida
correndo contra o tempo nessa disputa tão desleal
até que um dia qualquer percebas a ironia
.
De seres grande como as estrelas e os cometas
quando levantas os teus braços querendo tocar-lhes
e tão adulta nessa tua certeza por demais triste
de haver demasiada distância para braços tão pequenos
.
.
.
.
.Borealis in Aurora

20 fevereiro 2009

Promessa

.Promessa
.
.
.
.
Vê como os dias definham
num silêncio luzidio
e eu adormecido pela cor
suspiro pelo amanhã
.
Amanhã e mais um horizonte
os tons de terra sedenta
a imensidão de mim ao infinito
o sonho que tanto se adia
.
Amanhã , minha promessa vã
.
.
.
.
.Borealis in Aurora

18 fevereiro 2009

Gentinha

.Gentinha
.
.
.
.
Eramos tão mais
quando nos esqueciamos
dos jeitos mesquinhos
próprios de quem se diz gente
.
Eramos a palavra por definir
que só fazia sentido em nós
no modo próprio de quem ama
na luz dos olhos embevecidos
.
Eramos tão mais
quando acreditavamos na bondade
e que mal alguma haveria de vir
tal era a nossa esperança
.
Eramos mais muito mais
se não tivessemos aprendido
como é fácil ser menos
.
.
.
.
.
.Borealis in Aurora

17 fevereiro 2009

Dizendo

.Dizendo
.
.
.
.
Precisava dizer-te
pela calada da vergonha
o quanto me humilha ser assim
mas a dor menor vence
.
Hoje podia contar-te
como começam as histórias de lágrimas
mas sinto que tenho o deserto nos olhos
e o meu rosto não tem saudade
.
.
.
.
.Borealis in Aurora

13 fevereiro 2009

Tu

.Tu
.
.
.
.
Ainda te lembras
quando o para sempre não acabava
e chegamos a acreditar na eternidade
nós , na altura tão imortais
.
E o nosso mundo um par de olhos
.
.
.
.Borealis in Aurora

Suportar

.Suportar
.
.
.
.
Quando parece que não aguento mais
deito-me e fecho o mundo nos olhos
esperando que a noite passe rapida
e a alvorada renove a amnésia
.
Para na mais infundada das certezas
achar que aguento tudo
.
.
.
.
.
.Borealis in Aurora

Arquivo do blogue

Acerca de mim