10 fevereiro 2022

Pedia-te

Pedia-te 

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Pedia-te que viesses de lá , fosse onde fosse

mas que viesses com a pressa da minha necessidade

beliscar-me para acordar deste faz de conta

e eu pudesse perceber que tudo não passou de nada

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Mas temo que não seja assim tão fácil a vida 

e que vá desenfreada de encontro aos meus medos

as sombras que todos vamos deixando pelo caminho

fazendo com que a luz se vergue de tanto arrependimento

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Quem me dera ter um pouco mais  de dó e comiseração

e visse em mim a piedade que não encontro nos outros 

mas sou tão igual aos que mais temo em tornar-me

que a certo ponto confundo onde eles começam e eu acabo

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.Borealis in Aurora




Miserabilismo

 Miserabilismo 

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Tudo que há em mim predispõe-se ao errado

porque é tão mais facil seguir por ele a fora

não exige nada em troca e sempre está disposto

só precisamos de sufocar a nossa consciência

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Sabe tão bem vislumbrar uma mão estendida 

ainda que as nossas só estejam bem nos bolsos

impávidas e adormecidas ao apelo dos outros

porque ao mundo só importa que estejamos nele

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Que seria do universo sem os meus olhos nele

como aconteceriam os dias e todas as noites

certamente tudo seria muito diferente sem mim

porque o meu egoísmo é a matéria mais negra

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E a minha personalidade sobressai tanto em fundos escuros 

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.Borealis in Aurora


09 fevereiro 2022

Navegar

Navegar

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Dá-me a mão e leva me a sonhar o principio 

quando tudo ainda parecia difícil de acontecer

leva-me a esses tempos de sorrisos rasgados

onde fazia sentido seres a razão para tudo 

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Deixa que as ondas venham beijar me os dedos

pois tenho sede de historias onde navegar é ser maior

permite que o horizonte seja uma linha indelével

onde içar as velas do desconhecido seja bom destino

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Que venha a brisa e a tempestade dos dias 

haverá sempre um peito aberto fazendo de proa

venha de lá essa maresia que tantos parecem temer

e deixa-me chegar ao sal da tua boca 

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.Borealis in Aurora

07 fevereiro 2022

Não

 Não 

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Não me digam ser por aqui ou por ali

o caminho que sonhei para os meus pés

porque irei pelos caminhos mais inusitados

quero inesperado e o palpitar desconhecido

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Mais acaso para não ser tudo como deve ser

porque estar certo não podia ser mais errado

chega de preencher todos os requisitos alheios

fugir da cegueira das linhas rectas 

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Hei-de escapar a esta ratoeira desenhada

onde tudo que faço deve encaixar na definição

e eu só posso ser o que os outros me permitem

mas eu agora só sonho com murros na mesa

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.Borealis in Aurora


Enredo

Enredo

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Eis-nos chegados a este ponto 

em que escrevo o que nunca te direi

porque a falar desentendemo-nos

há algo na minha voz que complica

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Onde eu penso dizer tudo que sinto 

tu entendes que não chega para ti 

então fico aquém da tua expectativa 

e além do que  sinto ser o infinito

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Há todo este espaço entre extremos

ao qual eu me entrego em silêncio 

na esperança que um dia me entendas

até lá arrumo-me no enredo diário

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.Borealis in Aurora





01 fevereiro 2022

Pessoal & Intransponivel

,Pessoal e intransponível 

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Fecho os olhos

e o mundo desaparece para lá da cortina

sou eu e os meus pensamento em surdina

carregando os sorrisos e as lágrimas

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Fecho os olhos

deixo-me ir pela memória dos tempos idos

corro ainda menino e por demais livre

desconhecendo tudo que aí vem 

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Fecho os olhos

sinto o meu coração perto da boca 

palpita sempre que penso na partida 

todos que foram e me deixaram aqui tão só

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Fecho os olhos

sinto o perfume da paixão exacerbada 

todas as noites bem e mal dormidas 

as palavras pequenas e tremidas 

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Fecho os olhos

recordo a mão cheia de caridade

o gesto desinteressado do bem querer

a magia do obrigado

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Fecho os olhos 

e maldigo todas as minhas batalhas 

as ameias e tambem as muralhas 

porque só o amar nos salva

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Fecho os olhos

há um profundo azul lá no fundo

a mil pés de profundidade

onde guardo o que de mim resta

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Fecho os olhos

não vá alguem perceber-me frágil

e acabe por inundar-me os olhos

chega de marés vivas

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.Borealis in Aurora


Desmentido

 Desmentido

,

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Que devo fazer com as tuas palavras 

Faço de conta que nunca as disseste

ou por conveniência culpo os meus ouvidos

assim evitamos qualquer desmentido 

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Direi que o dito não o foi propriamente

que tudo não passou de uma suposição

onde se poderia entender o para sempre 

devia ouvir-se o silêncio da hipocrisia

,

,

,

,Borealis in Aurora





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