25 abril 2011

Mundo Lá

.Mundo Lá
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Fecha a porta
e do lado de lá
ficam as mentiras
o faz de conta
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No lado de lá
tu és rebuliço
a ansiedade extrema
correria infernal
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Lá , tu és menos
querendo ser mais
procura de sentido
tentativa vã
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.Borealis in Aurora

20 abril 2011

Sou

.Sou
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Eu sou
umas quantas palavras
mão cheia de duvidas
gente que odeia sê-lo
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Resto de coisa alguma
ausência de significado
presunção de irei ser
com medo de nunca tal
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Risco indelével
em folha plena de rasura
projecto inacabado
arquitectura sentimental
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Salto de matéria
começo onde termino
e acabo antes de começar
findo
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.Borealis in Aurora

Podiamos

.Podiamos
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Pegar nas rédeas do destino
acicatar o elemento improvável
procurando o ponto de ruptura
até evaporar todo o conformismo
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Podiamos correr no fio da navalha
cortar este vicio próprio de marionete
rodopio de trapos e acasos inventados
encenando a noite e a solidão das sombras
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Arrancar estas ancôras aprendidas
esquecendo tudo que nos ensinam a ser
e dessa amálgama de vazio com desolação
criar o ponto final onde tudo começa
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Podiamos ir além de nós próprios
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.Borealis in Aurora

Tudo é saudade

.Tudo é saudade
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Ainda ontem o mundo era um pião
que girava na minha mão sem parar
rodopiava ao ritmo do meu sorriso
e nada importava tanto ou mais
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Havia a sensação nitida e óbvia
de não haver fronteiras ou limites
ir do momento ao infinito era um passo
bastava fechar os olhos e sonhar
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Uma lógica porque sim bastava
para enfrentar todos porque não
um braço de ferro interminável
dominava os dias por conquistar
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Na exiguidade de um corpo franzino
batia um coração rebelde e frenético
que humilhava a velocidade luz
e na mão o mundo era ainda pião
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.Borealis in Aurora

19 abril 2011

Ninguem

.Ninguem
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Ninguem me diga por onde ir
pois sempre tive a vida por um fio
e até que ele decida quebrar-se
irei por onde me der a real gana
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Ninguem me diga como ser
porque tenho os olhos tão cansados
cansados de só verem aparências
vazios resultantes da hipocrisia
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Ninguem me diga o que dizer
porque eu serei sempre um grito
irascível no verbo e conjugação
sibilo infinito da alma
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Ninguem me diga quando
pois vou tarde para todo destino
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.Borealis in Aurora

11 abril 2011

Amanhã vem hoje

.Amanhã vem hoje
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Cai a noite em ti
Despes a pose
respiras de alívio
perguntas até quando
respondes nunca mais
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Amanhã serás tu mesma
custe o que sempre te custou
tu nunca irias ser assim
e o que agora sentes
é pura infâmia
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Recompôe a vontade
agarra-te á almofada
não será desta que irás chorar
ninguem te pode ver vencida
nem a própria solidão
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No silêncio do teu quarto
ecoa uma dor lancinante
que só tu consegues ouvir
tudo que havias de ser
sufoca na tua garganta
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.Borealis in Aurora

Encontra-te

.Encontra-te
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Vê-te
tudo que vês
és visivelmente
tu
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Olha
para ti feita fronteira
o para lá de segura
aquém ilusão
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Percebe
que no além de ti teatral
tudo que digas ver
é pura cegueira
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Procura
para lá das muralhas
e entre a insegurança
encontra-te
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reinventa-te
antes da metamorfose pó
grita
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.Borealis in Aurora

10 abril 2011

A noite que cresce em nós

.A noite que cresce em nós
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Ainda é noite em mim
porque a luz tem dessas coisas
faz ver para alem do necessário
e ninguem quer tanto
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Basta um palmo á frente do nariz
o culto superficial da verdade
saber á medida da nossa cobardia
não vá o mundo desmoronar
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A encenação continua nas sombras
faceta sombria do perfeccionismo
há que procurar ser a aparência
para encobrir tanta miséria
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.Borealis in Aurora

03 abril 2011

Tempo

.Tempo´
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Ainda há tempo
para dizer ao tempo
que pare de fazer tempo
antes que seja tarde
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Não vês tempo
que aquele a que chamo meu
tem um modo proprio de ser
e só sabe diminuir
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Tem um fluir precipitado
vai por seu modo
como ravina fosse
entrega-se ao acaso
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.Borealis in Aurora

Tic Tac

.Tic Tac
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É hora
de correr a distância
que separa os nossos corpos
bate coração relógio
é hora de sentir
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Corre
aniquila o vazio
as horas sem sentido
o saber-te longe
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Corre
urge ao meu peito
a sensação
de finalmente tu
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.Borealis in Aurora

Desperdiçar

.Desperdiçar
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Depois de desperdiçadas tantas promessas
eu não sei se há ainda espaço para acreditar
ainda que sinta não poder deixar de o fazer
mas as palavras deixam uma marca indelével
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Escolhem um dia por acaso e cobram respostas
querem saber o que é feito de ti
e eu não sei o que dizer a tanta incerteza
estás num ponto incerto que magoa , certamente
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Foste do meu passado e deambulas no presente
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.Borealis in Aurora

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